Fui surpreendido outro dia pelo ator Pedro Cardoso quando, em seu perfil no Instagram, de repente passou a pedir para que as pessoas deixassem de segui-lo. O ator, que tem em sua rede mais de 500 mil seguidores, convidava as pessoas que continuassem a lê-lo eventualmente, mas apenas quando tivessem curiosidade de compartilhar as inquietações escritas cotidianamente em seu perfil de pegada política. E acrescentava: “tudo aqui se move impulsionado pela ação de seguir e ser seguido, formando assim grupos de semelhantes, quando não de iguais.” Concordo tanto com o ator que aproveito para convidar os amigos a parar de seguir pessoas, começando por mim mesmo. Então, por favor, não me sigam.

Razões, não faltam. A começar pelo fato de que sou um idealista. Por acreditarem em um mundo ideal, idealistas tendem a ser moralistas, juízes da vida alheia, cagadores de regras. E sou o pior dos idealistas: o idealista bipolar. Quando estou no idealista romântico, sou puro açúcar, prego o amor como solução para tudo. Eis que, sem aviso prévio, emerge o idealista pragmático, e aí já quero logo partir para a ação, chamando um monte de gente para criar movimentos para salvar pessoas, mudar o mundo.

Não se iludam. Como Pessoa, sou um fingidor. Finjo escrever sobre outra pessoa quando na verdade escrevo sobre mim. E, ao escrever sobre mim fingindo escrever sobre outra pessoa, escrevo sobre todas as outras pessoas que se sentem tocadas quando me toco ao escrever sobre mim como seu eu também fosse elas.

Escrevo, assim, complicado, citando frequentemente autores que me inspiraram a refletir e a escrever. Uma maneira pedante, carregada nas tintas, nos gerúndios e nas exclamações! Uma escrita contaminada por palavras e expressões que não fazem concessões ao leitor que, por motivos que desconheço, resolve me encarar completamente nu nesse espaço repleto de linhas imaginárias e fronteiras que derrubo sem qualquer empatia por quem resolve me escutar. Sinto-me, sim, responsável pelo que digo, mas totalmente irresponsável pelo que me escutam. Quem disse isso foi Maturana, mas digo também como se fosse eu o autor.

Não sou nem um pouco confiável. Planto minas, espalho armadilhas, disparo flechas no peito, arremesso redes, pedras e lanças, bato em cabeças. Você começa a ler um texto sobre fotografia e, de uma hora para outra, se vê mergulhado em seus próprios demônios, tendo que encarar sua incapacidade de escutar a si mesmo e a qualquer outro que tente lhe apresentar sua visão de mundo. Poso de importante, mas faço parte do rebanho, qualquer rebanho. Sou uma mera ovelha disfarçada em pele de lobo.

Por isso, digo e repito: parem de me seguir. Aliás, parem de seguir qualquer outra pessoa.

Sigam ideias! Ideias que lhes façam pensar por conta própria. Ideias que lhes ajudem a se sentir bem, assim como ideias que lhes causem desconforto. Estas últimas são as que mais conseguem nos deslocar dos lugares estupidamente fixos que estacionamos vez ou outra.
Sigam a si mesmos! Sigam sua intuição, essa inteligência que desafia a razão, mas que, quando devidamente escutada, costuma trazer as respostas certas ou, ainda melhor, nos permitem encontrar as perguntas certas. Sigam as palavras ditas por seu corpo, às vezes sopradas em silêncio, quando você aquieta a mente, às vezes vomitadas na forma de dores profundas, quando você adoece e, prostrado na cama, amaldiçoa esse deus injusto que lhe abandonou a sua própria sorte.
Tem tanta coisa boa que vocês poden seguir para continuar evoluindo e se tornando a melhor expressão de si mesmos. Então, por favor, não percam mais seu tempo seguindo pessoas, especialmente as minhas pessoas!

Sigam a si mesmos! Sigam sua intuição, essa inteligência que desafia a razão, mas que, quando devidamente escutada, costuma trazer as respostas certas ou, ainda melhor, nos ajuda a encontrar as perguntas certas. Sigam as palavras ditas por seu corpo, às vezes sopradas em silêncio, quando você aquieta a mente, às vezes vomitadas na forma de dores profundas, quando você adoece e, prostrado na cama, amaldiçoe esse deus injusto que o abandonou a sua própria sorte.

Tem tanta coisa boa que você pode seguir para continuar evoluindo e se tornando a melhor expressão de si mesmo. Então, por favor, não perca mais seu tempo seguindo pessoas, especialmente as minhas pessoas!