Amigos a quem seguimos. Amigos que nos seguem. Conhecem os lugares que visitamos pelo Flickr. Informam-se sobre o que pensamos e gostamos em nossos blogs. Acompanham nossos passos pelo Foursquare, Orkut, Facebook, Twitter, Linkedin… Com as plataformas de rede e as ferramentas para troca de mensagens instantâneas, nossos amigos estão conosco o tempo todo. Estão conosco para conversar, comentar, opinar, elogiar, curtir, ouvir… mas cada vez mais raros são os momentos onde os temos frente a frente, cara a cara, perto o suficiente para enxugar uma lágrima e dar um abraço apertado, desses que dispensam palavras ou explicações.
Fiquei pensando que essa coisa de eu estar em muitas redes simultaneamente, se me permite algumas conexões profundas com algumas pessoas, me deixa distante de outras. Converso com muitos amigos todos os dias, sinto-me próximo deles, conectado. E, no entanto, estamos verdadeiramente longe. Conversamos sobre instantâneos de nossas vidas, momentos que passam. Não conversamos sobre horizontes mais amplos, onde os instantâneos que se sucedem, eventualmente, podem fazer algum sentido. Falta-nos tempo para isso. Falta-nos contato físico.
Quando envio um email para uma lista ou publico um tuite, atinjo, de uma única vez, centenas de pessoas. No entanto, isso seria praticamente impossível num ambiente presencial. É fácil observar esse fenômeno em festas familiares ou eventos empresariais, quando se juntam muitas pessoas no mesmo lugar. O máximo que conseguimos é distribuir sorrisos, tapinhas nas costas e frases espirituosas.
Tanto num evento com muita gente quanto nas plataformas digitais de rede, até podemos até manter acesa a chama do relacionamento, marcando pontos de presença em nossas trocas, mas não conseguimos ir muito além da superfície, da etiqueta social ou das discussões movidas pela intolerância e pelo julgamento apressado. Pelo menos, tanto num caso como no outro, não conseguimos essa proeza com muitas pessoas.
Os estudiosos das redes sociais falam, praticamente em uníssono, que somos capazes de cultivar relacionamentos com vínculos mais profundos e duradouros com pouco mais de uma centena de pessoas. Claro que isso depende do perfil de cada um, mas o tempo é igual para todos. São 24 horas por dia para serem distribuídas entre atividades e pessoas. Para serem feitas com qualidade, atividades precisam de tempo. Para criarem vínculos duradouros, relações precisam de tempo.
Não costuma ser algo agradável, mas é muito bom que um amigo nos lembre disso, nos dando um pito de vez em quando, cobrando-nos a presença. Em um mundo que se desmaterializa de modo surpreendente, a amizade verdadeira e tão essencial para nosso viver humano pode acabar indo pelo mesmo caminho.
Você e sua eterna dualidade com o real e o virtual,rs
Mas está certo, vamos ao pito: Ei Fábio qual é o dia que virá até Campinas seu moço?!
Abraço!
Desta vez, a questão crucial não é o conflito entre real e virtual, mas envolve os dois espaços e me convida a refletir na impossibilidade de estar verdadeiramente com tanta gente, obrigando-me a fazer escolhas – coisa que abomino quando o tema são pessoas.. Em outras palavras, minha visita a Campinas ainda não será desta vez…