O olhar que faltava

quarta-feira, 24 agosto 2011, 22:25 | Tags: , , | Nenhum comentário
Postado por Fábio Betti 

Andei levando umas broncas de algumas leitoras, que não perdoaram certos escorregões, digamos, de um macho convicto. Preciso esclarecer que até que tenho uma boa dose de energia feminina, mas sou homem e, sem ter qualquer preconceito contra quem não o seja, sou tremendamente orgulhoso de minha condição masculina.

Gosto de ser homem e escrevo, portanto, como homem. Falo sobre o mundo a partir desse olhar de homem. E, se repito isso até a exaustão, é para dizer com toda humildade que sou incapaz de ver o mundo pelos olhos de uma mulher, mesmo que esse pareça ser o desejo de muitas mulheres que esperam dos homens qualidades que não são deles. Até que podemos desenvolver características mais femininas como a sensibilidade, por exemplo, mas será uma sensibilidade masculina. Lamento, homens vêem o mundo com olhos de homens, olhos que, caçadores, às vezes, parecem os de uma águia, ou, à imagem de uma cobra, miram em tubo, numa única direção.

Sim, somos diferentes e, pelo menos na minha opinião, ainda bem. Sendo diferentes, temos a oportunidade de nos unirmos para aprender algo novo uns com os outros – uma aventura nem sempre prazerosa, mas repleta de descobertas para quem mantém a mente e o coração abertos para as incríveis imagens que só o outro é capaz de ver. Quer ampliar seu mundo? Junte-se a outro alguém. Quanto mais diferente, melhor. O masculino e feminino precisam um do outro para que o humano possa se encontrar com sua divindade – sim, duas metades da laranja, côncavo e convexo, yin e yang, lua e sol, lago e vulcão.

Faltava aqui, portanto, mais do que comentários de leitoras me puxando a orelha – sempre bem-vindos, diga-se de passagem -, outros olhos que se deitam, sem pudores ou preconceitos, sobre as inúmeras faces do universo complexo dos relacionamentos. Qual não foi minha surpresa quando essa outra surgiu justamente entre as leitoras, comentando assuntos deste blog com sua língua de mulher, ampliando as discussões com sua visão periférica de mulher, acolhendo as dores alheias com seu imenso coração de mulher. Não bastassem essas qualidades, ela é uma amiga de longa data, a quem não vejo em pessoa há muitos e muitos anos, mas que vem se encontrando rotineiramente aqui comigo e com os que por este blog se aventuram. Nada mais natural, portanto, que convidá-la para dividir a responsabilidade – e as dores – de compartilhar nossos olhares com quem ousar enxergar o mundo com outras lentes.

Seja muito bem-vinda, Clarissa. Que atrás de você, possam vir muitos outros olhares femininos, masculinos, oblíquos, obtusos, rasos, profundos, olhares de quem se abre para discutir a relação sobre o que quer que seja, com a convicção de que relacionamentos são bênçãos e com a confiança inabalável de que, mesmo quando tudo parece perdido, é conversando que a gente se entende.

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