E se todas as religiões, todos os gurus, todos os guias de autoajuda estiverem enganados? E se Deus for apenas uma invenção de nosso sistema biológico para que não desistamos antes da hora? E se não houver mesmo continuação?

Existem perguntas que jamais deveríamos nos fazer. Perguntas traiçoeiras, capazes de nos lançar sem boia no mar no desespero. E, no entanto, é como se elas tivessem vida própria, esperando o momento certo para aparecerem, orgulhosas dos estragos que podem nos causar. Basta um convite, mesmo que inconsciente, e lá estão as perguntas fatídicas aniquilando nossas crenças e sequestrando-nos a paz tão duramente conquistada.

E se realmente formos os únicos no universo, quem irá nos salvar? E se nosso destino for a solidão? Será que só estamos aqui nos iludindo com alegrias fúteis enquanto corremos rumo à extinção?

Essas perguntas devem ter nascido com a própria origem de nossa espécie e continuam sendo insistentemente repetidas, na esperança de algum dia, talvez, encontrarmos respostas que nos satisfaçam.

E se a vida é isso mesmo, isso que podemos ver, sentir e tocar, e nada mais? Será que, se tivéssemos certeza de nosso infortúnio, continuaríamos levantando todos os dias para vivê-lo?

Não sei, não, mas, tendo em vista que podemos acabar descobrindo que não existe mesmo mais nada além desta vida, melhor deixar essas perguntas para lá. Definitivamente, elas não nos fazem bem. Pelo contrário, nos contaminam de tal forma que, num piscar de olhos, já estamos tomados pela melancolia, essa sensação de vazio e impotência que nos leva a acreditar que a vida é um fardo impossível de carregar.