O dia começou com a evocação de uma lembrança de bem-estar da noite anterior. Antes de sair de casa, chamei meu filho mais velho para ir para nossa cama – coisa que os dois gostam muito de fazer quando estão de férias – e ele me disse: “obrigado e bom trabalho”. Essas palavras me recordaram uma situação na noite anterior, quando eu já estava na cama em algum grau de sono superficial e percebi esse mesmo filho se aproximando e me dando um beijo de boa noite.
Você acorda inspirado por um lindo nascer do sol, deixa uma mensagem de bom dia para seus amigos no Twitter e, de repente, alguém responde. Sem qualquer expectativa, você recebe de volta um caloroso bom dia de volta. É muito prazerosa essa sensação de conexão com algo maior, que você não vê, mas está. Essa coisa de me sentir conectado quando eu deixo um bom dia no ciberespaço e alguém me responde de um outro espaço também me gatilha uma vontade de fazer o mesmo, e aí eu me vejo no carro, no trânsito, respondendo de forma apreciativa frases soltas postadas por outras pessoas – de uma maneira amorosa, de uma maneira que conecta.
No corredor norte-sul de São Paulo, quase em frente ao aeroporto de Congonhas, estou com meu carro parado em um trânsito infernal e, de repente, um som muito alto vindo do carro ao lado me chama a atenção. Está tocando “We are the world”, na parte onde o Steve Wonder faz seu solo. Inevitável não exibir um sorriso no rosto.
Observo que me tem sido muito mais prazeroso dizer que eu fiz a melhor escolha possível, ao invés de dizer que fiz a menos pior escolha possível. É olhar a metade do copo cheio.
Não me julgo um grande fotógrafo – possuo uma boa máquina, embora prefira utilizá-la no automático! -, mas tenho enorme prazer em tirar fotos de pessoas, de preferência, sem que elas estejam posando para a câmera. Tem um certo receio de me tornar invasivo, mas tem também uma sensação de que estou me conectando com a alma delas – “revelando” a alma delas no instante de seu viver que capto com minha câmera. É algo de sagrado que acontece nesse espaço. E, quando compartilho as fotos com as pessoas que foram fotografadas, é como se o sagrado continuasse vivo na alegria das pessoas que se vêem captadas nesses momentos de profunda conexão.
Outra situação de bem-estar que aparece – e não me proponho aqui a julgá-la – é quando me sinto aprovado por uma figura a quem atribuo certa autoridade, como, por exemplo, um professor.
Me propus a registrar todos os momentos de bem-estar que me chamassem a atenção – em algum momento, o xixi iria aparecer. Há poucas situações de tanto bem-estar quanto a de esvaziar a bexiga – e parece que, quanto mais cheia, mais prazeroso é esvaziá-la. (15/07/2011)
lindo
muiiiiytolindo