Como vejo a minha pele? Como vejo? Que pele? A pele em que habito ou a pele que me habita? Tem a pele que é primeira roupa, a casca, a guardiã. Mas tem também a pele ferida, a pele que inflama, área imensa do prazer, espaço aberto do brincar e do aprender. Pele que te quero pele.

Tem a flor da pele, a pele da cor, pele lisa, pele crespa, pele pelada ou peluda. Tem pele pintada e, toda lisinha e reluzente, a pele depilada. Às vezes, a pele é bronzeada e, da tez da Lua, renasce dourada. A pele é porta, é piso, janela, paredes, a pele é a casa. Pele é brilho e morada. Pele que embala o mundo. Pele que nos embala.

O que falar da pele que a pele já não fale? Pele arde e faz alarde. Pele entrega, se entrega, integra, pele escancara sua verdade. Verdade? Transitória, transitória, mas nunca efêmera, verdade transitória mas nunca efêmera feito pele. Pele irrigada de sangue, pele que sua, pele sua, pele que tem historia, pele com endereço e digitais. Pele amor de Deus, pele sou eu e, e o que sou é o dentro que se junta com o de fora na fronteira que a pele faz e refaz..