Meu pensamento continua seu vôo, planando agora em círculos acima de um pêndulo.
“Pêndulo é um corpo pesado, suspenso por intermédio de uma haste ou fio em um ponto situado acima do seu centro de gravidade, de tal modo que lhe seja possível oscilar livremente.”
Busco a definição no dicionário. Foi por intermédio da oscilação de um pêndulo que o físico francês Léon Foucault demonstrou em 1851 a rotação da Terra sobre seu eixo.
Mas não é a rotação da Terra que meu pêndulo parece querer demonstrar. Olho através dele e o que vejo é a eterna luta entre o bem e o mal, o positivo e o negativo, luz e sombra, o objeto e seu reflexo no espelho.
Meu pêndulo também não é um pêndulo ideal.
“Pêndulo ideal é constituído por um ponto material suspenso a um fio inextensível e sem massa.”
O movimento de meu pêndulo é assimétrico, imperfeito, descontínuo. Ora pesa mais para um lado, ora para o outro. Às vezes, interrompe seu movimento ciclóide, fica imóvel como se estivesse morto e, de repente, dispara apressado.
O pêndulo pode ser visto como uma imagem-ícone de nossa existência. Estamos aqui para aprimorar a qualidade de nossa energia – tarefa auxiliada pela Lei da Compensação, que busca o equilíbrio do movimento do pêndulo, nos impelindo a abandonar o conceito de dualismo.
É bom lembrar também que estamos no meio de muitos outros pêndulos, que, por vezes, se tocam, interferindo em seus comportamentos e modificando seus percursos.
Como num jogo, definimos o grau de dificuldade tendo como base nosso potencial de superação. A missão termina quando desistimos – e aí devemos nos preparar para uma nova oportunidade – ou quando atingimos o grau de união a que nos propusemos – bem e mal juntos, luz e sombra, positivo e negativo, intersecção ao invés de dualidade.
O caminho é tortuoso. Como em um vídeogame de várias fases, temos que lutar contra as forças da separação – primeiro, a separação entre espírito e matéria, quando encarnamos; depois, a separação de nosso ninho terreno, o útero; separação da proteção dos pais, na puberdade; entre tantos outros episódios de separação que vivenciamos ao longo de nossa existência. Até que, finalmente, encontramos a oportunidade de uma nova união entre matéria e espírito, no episódio que chamamos simplesmente de morte.