É praticamente impossível reconhecer uma pessoa inteligente à distância, sem sequer conversar com ela. Por outro lado, basta um rápido olhar para concluir se uma pessoa é bonita ou feia. É claro que cada cultura tem seu ideal de beleza, mas em todas elas é a beleza o principal artifício para atrair um parceiro. Isso é um ritual tão natural, mas tão natural que todos os animais seguem. O coitado do pavão é sempre o primeiro lembrado, mas qualquer bicho apela para seus dotes físicos, por mais estranhos que possam nos parecer, quando querem se acasalar.

E aí está a melhor resposta para a nossa pergunta: se o objetivo é o acasalamento – com camisinha, claro, pois o que se quer mesmo é só brincar de fazer nenê! -, a beleza é o que nos interessa – beleza que pode ser tanto um corpo escultural quanto um olhar sedutor ou um sorriso ou um jeito de arrumar o cabelo. Enfim, a beleza pode ser qualquer coisa que seja belo aos nossos olhos, e é ela que todos nós preferimos quando procuramos alguém para passar uns bons momentos.

Mas beleza eterna é com os diamantes, porque a beleza humana tem sempre os dias contados.

É verdade que algumas pessoas conseguem prolongar esse período, esticando a beleza de tudo quanto é jeito até que um dia o excesso de cirurgias plásticas e tratamentos estéticos acaba provocando justamente o que se quer evitar: a feiúra. Isso quer dizer que se o solo da beleza foi suficiente para sustentar uma relação, quando ela se vai, como não resta mais nada, a relação também vai junto, para o ralo. Porque ninguém vai querer ficar perto por muito tempo de alguém feio e fútil.

Por isso, tome cuidado com suas escolhas, mesmo porque nem sempre as melhores transas são com as mulheres mais bonitas – aliás, não há qualquer relação entre o fato de alguém ser bonito e ser bom de cama. A única relação que existe mesmo entre beleza e sexo é o efeito do belo sobre a nossa cabeça, provocando nossa libido e, claro, dando uma força para a nossa auto-estima – é aquela piada, nada politicamente correta, do sujeito que fica náufrago numa ilha deserta junto com uma mega top-model e pede para ela se vestir de homem, só para ter alguém para contar sobre a beldade que ele está comendo.

Charles Bukowski, um dos grandes nomes do movimento beatnik, mostra em seus textos uma atração pelos tipos mais exóticos e, certa vez, relatou uma trepada surreal com uma gorda de meia-idade de 160 quilos como uma das maiores transas de sua vida. Em outro conto, a “Crônica do Amor Louco”, uma gata monumental se apaixona por um escroque, mas teme que ele esteja com ela só por causa de sua beleza. Por isso, ela não mede esforços para tornar-se feia, ferindo-se em várias partes do corpo só para deixar sua pele cheia de cicatrizes. Possivelmente, o maior medo dela, na verdade, seja que ele se encante tanto com sua beleza que só queira olhá-la. Porque a beleza só existe mesmo pra isso: para ser admirada.

Se o que queremos é tocar e amar alguém, muito mais do que beleza, vamos precisar de carinho, atenção, de um bom papo, enfim, vamos precisar de alguém inteligente o suficiente para saber como nos tornar cativos depois que o feitiço da primeira atração se desfizer à meia-noite.