O que elas querem dos homens? Acho que a primeira vez que me fiz esta pergunta foi quando começou a nascer uns pelos estranhos no queixo e eu começava a me interessar mais pelas meninas do que pelo futebol. Eu fazia de tudo para ser notado pela minha primeira paixão – era competitivo nos esportes e estudioso na classe -, mas ela só tinha olhos para o menino mais mau caráter da classe, que pulava de garota em garota como se estivesse montando uma coleção particular.
E quanto mais conhecia as meninas e, depois, as mulheres, mais eu achava que me aproximava da resposta. Mas hoje, com 42 anos, 35 dos quais vivendo algum tipo de relacionamento mais interessado com elas, me sinto tão perdido quanto no início de carreira.
No entanto, não pretendo deixar o Joaquim na mão – qualquer conotação que se queira dar a essa expressão. Imagino que a Sandra deva ter dado seu precioso testemunho – nunca lemos o texto um do outro antes que finalizemos nosso próprio texto -, mas mesmo sem pretender qualquer exercício de adivinhação, vou compartilhar com ele e com todos os amigos que se fazem a mesma pergunta algumas idéias meio ou inteiramente machistas que tenho aplicado com algum êxito na tentativa de agradá-las.
Antes de mais nada, recomendo respeito à biologia. Fêmeas de qualquer espécie esperam que seus machos as protejam. Mulheres, portanto, querem de seus homens proteção. Gestos como abraçá-la na rua se alguém aparentemente suspeito se aproxima, abrir a porta do carro e aconchegá-la no peito na hora de dormir são exemplos clássicos de proteção masculina. Isso é natural, humano, animal, o que significa que não há como lutar contra esta lei, certo? Errado. Mesmo sendo tudo isso, tem mulher que não dá o braço a torcer e não aceita a hipótese de um homem protetor. Como saber se ao seu lado está uma dessas fêmeas? Ah! Rapidinho, você irá descobrir…
Ainda seguindo a lei natural, mulheres gostam de homens fortes, que tenham pegada, aquela atitude de macho dominante inerente a todas as espécies vivas e que é condição importante para sua perpetuação através das gerações. Dominação seria uma palavra forte demais para descrever esta característica, mas, na real, é isso mesmo: lá no fundo, toda mulher gosta desse jogo de dominação – claro, excetuando as feministas e as lésbicas.
Mas o caro leitor há de convir de que não estamos condicionados apenas às leis da biologia – às vezes, mais determinantes que elas são as leis sociais. Por isso, talvez seja melhor você descartar esse negócio de proteção e dominação e investir firme nas regras de relacionamento que são estabelecidas pela sociedade e manifestadas pela cultura que ela carrega e se transforma permanentemente.
É nessa área que se encaixa, por exemplo, a inteligência – algo que não faz muita diferença na área biológica, na medida em que a mulher de Neanderthal esperava apenas que o homem de Neanderthal tivesse força o suficiente para correr dos leões e habilidade suficiente para abater os antílopes. Mas a mulher social espera do homem social que ele seja inteligente, culto, educado… mas cuidado: homem sensível demais incomoda, pois, lá no fundo, a mulher continua querendo muito mais um tarado selvagem do que um intelectual. Pode, sim, derramar uma lágrima de vez em quando, mas se debater e arrancar os cabelos podem ser erros mortais.
A cultura ocidental, de modo geral, também atribui aos homens a responsabilidade principal como provedor financeiro da família – e isso não mudou muito na história da humanidade. A diferença é que o dinheiro do amigo de Neanderthal era a caça e o nosso é o cartão de crédito. Claro que já existem muitas famílias onde esta questão se tornou mais equilibrada, mas, mesmo que muitas mulheres discordem, lá no fundo elas ainda cultuam a crença de que essa é uma responsabilidade muito mais masculina do que feminina. Por isso, mesmo que sua companheira negue até a morte, pode estar certo de que, mesmo que escamoteada, há, sim, uma expectativa de que você dê um jeito de matar um ou dois mamutes para o jantar. Ou seja, outra coisa que as mulheres querem de nós é que sejamos bem-sucedidos. Mas fique esperto, pois se sua companheira também for uma profissional bem-sucedida e sentir que você é um possível competidor, se prepare para virar carta fora do baralho, rapidinho, rapidinho.
As mulheres também querem de nós que sejamos amigos, companheiros, cúmplices de suas vidas. E aí reside, na minha opinião, a maior de todas as complexidades na relação homem-mulher. É que ninguém nos ensinou o que é preciso fazer para ser companheiro de uma mulher. Às vezes, a gente acha que ser companheiro é apoiá-las, às vezes, acreditamos que é colocando nosso ponto de vista e as ajudando a repensar suas escolhas. E, na maior parte das vezes, quando somos companheiros apoiadores, elas jogam em nossa cara que não estamos sendo sinceros e, quando somos totalmente sinceros, elas dizem que esperavam que fôssemos mais apoiadores.
E é nessas horas que me afasto desse mundo cruel e passo a sonhar que, um dia, ainda encontrarei a bola de cristal capaz de responder o que é que, lá no fundo, lá no fundo, as mulheres querem de nós.