O padrasto estupra uma menina de 9 anos de idade, que fica grávida de gêmeos. O padre excomunga a mãe da menina e os médicos que fazem o aborto. Um pai seqüestra a própria filha de apenas 5 anos, rouba um avião e se suicida. Senadores usam nosso dinheiro para pagar horas extras para funcionários em pleno período de recesso. Ao primeiro sinal de crise, um monte de empresas sai demitindo um monte de gente indiscriminadamente.
O que terá acontecido que o respeito virou moeda rara? Virou raridade e sua falta parece não mais nos assombrar, como costumava acontecer no passado.
Os fatos reais que trouxe para ilustrar esse artigo acontecem às pencas, todos os dias, debaixo de nossas fuças. E nós, o que fazemos? Calamos, imóveis, impassíveis, paralisados por nossa covardia e, sobretudo, indiferença.
Em sua coluna quinzenal na revista Veja, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo pergunta onde foram parar os bons, que se calaram frente às graves acusações proferidas pelo senador Jarbas Vasconcelos sobre a festança com a verba pública feita cotidianamente por seu próprio partido.
E os maus, pelo contrário, espernearam, berraram e, como de costume, tiraram mais alguns nacos de nossa carne, porque é isso o que fazem conosco quando nos calamos. É com o nosso dinheiro que os políticos constroem palácios ou presenteiam seus correligionários com horas extras para trabalhos inexistentes. E nós não nos fazemos respeitar, deixando que eles nos roubem abertamente – roubam o dinheiro de nosso suor, que lhes entregamos de bandeja na forma de impostos.
É contra a nossa espécie que agem os pedófilos, os estupradores, os bandidos de toda a natureza e os déspotas que nos julgam sem qualquer direito de defesa, sejam eles padres ou não. E nós simplesmente nos calamos, deixando que eles abusem de nossos filhos, destruam nossas esperanças, despedacem nossa fé.
Empresas mal-administradas, forjadoras de balanços, especuladoras da desgraça alheia, dispensam pessoas como fazemos com os pedintes nos semáforos: hoje não, quem sabe amanhã?
Falta respeito em qualquer lugar para onde olhamos. Crianças mal-educadas amedrontam professores, motoristas avançam sobre pedestres com ódio, taxistas e motoboys se encaram nas ruas como exércitos inimigos.
É matar ou morrer! É isso o que nos resta quando o respeito já não é mais exercido. É a lei do mais forte. É o indivíduo suplantando o coletivo. Não é à toa que o planeta agoniza. Ninguém quer abrir mão de seus “direitos individuais” para salvar esse tal de planeta Terra. Oras, não vou deixar meu carro em casa porque o transporte coletivo é uma merda, não vou reciclar meu lixo porque no meu prédio não existe coleta seletiva, não vou fumar meu cigarrinho só porque o sujeito do meu lado tem asma! Foda-se o outro! O outro é o inferno, já dizia Sartre.
A questão é que esse pensamento individualista e egocêntrico vem se coletivizando e, assim, sua indiferença com relação ao outro não é muito diferente do desprezo que ele também tem por você. É aquela história de a gente ficar puto com quem não nos dá passagem quando queremos entrar com o carro em uma rua movimentada e, quando chega a nossa vez de dar passagem, não abrimos mão de um centímetro sequer.
É realmente uma pena se você é um dos que se identificam com os que calam e os que só pensam em si mesmo. Porque quem cala consente, entregando uma procuração assinada em branco a um desconhecido. E quem só olha para o próprio umbigo colhe desprezo e solidão.
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